quarta-feira, 14 de setembro de 2011

TERRA INÓSPITA


Elisabete Pereira

Minha saudosa mãe tinha um ditado que dizia assim: “coração é terra que ninguém vai”. E para quem sabe ler um pingo é letra, dá para entender que quem vê cara não vê coração.

Certamente minha mãe fazia esta afirmação, porque sabia que somente Deus sonda os nossos corações. Isto porque somos impulsionados e tentados a avaliar pela aparência e consideramos as circunstâncias.

Durante meus dias exercendo o serviço religioso de capelania escolar, algumas vezes encerro meu expediente satisfeita, exalando senso de dever cumprido pelas expressões e impressões obtidas no dia. Há momentos, porém, que seria oportuno abrir um buraco no chão e ali enfiar a cabeça! Como leite vigiado não sobre fervura, melhor é descansar no vigoroso ombro do Mestre Jesus.

Mas, como o assunto aqui começou com terra, façamos uma breve alusão ao laborioso agricultor. Este, por sua vez prepara a terra com esmero; disseca o solo exterminando as ervas daninhas; aduba; fertiliza; trabalha a calagem do solo; espera o tempo propício para o plantio e por fim semeia. O homem do campo ainda irriga e acompanha dia após dia o desenvolvimento e o crescimento da sua cultura. Como pai amoroso observa os primeiros passos do seu filho, o agricultor anela ver os prematuros frutos da sua lavoura, para que o seu contentamento se refugie guarnecido pela esperança em seu coração.

O serviço missionário de capelania escolar não é diferente da frutuosa expectativa do agricultor. Incansavelmente devemos praticar proeminente cuidado com a terra, pelejar contra as possíveis invasões de ervas nocivas, pragas e enfermidades. E por fim, aguardar com a mais anelante expectativa do coração os primogênitos frutos, cuja terra pode ter sido regada com as lágrimas da oração.

Entretanto, a terra para esta semeadura espiritual é nada mais, nada menos que o coração do homem, esta terra que ninguém vai! E como esperar bons frutos se ao semeador não lhes é permitido labuta antecipada?

Eis aí o desafio pelos quais passamos diariamente como arautos do REI, a nós é somente autorizado semear e pronto! Assim como afirmou o apóstolo Paulo aos Coríntios: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1 Coríntios 3:6-7).

Às vezes poderemos chegar ao final do dia, assolados pela tristeza, desassossegados pelas aparências e desanimados pelas angustiantes rebeldias dos ouvintes. Todavia, como coração é terra inóspita, Deus opera milagrosamente a produção dos melhores frutos vindouros.

Ele opera em nós e através de nós, apesar de nós. Então jubilosos podemos cantar: “O SENHOR, tu és o meu Deus; exaltar-te-ei, e louvarei o teu nome, porque fizeste maravilhas; os teus conselhos antigos são verdade e firmeza” (Isaías 25:7).

Não nos esmorecemos, pois, pela aridez da terra, a sequidão de estio ou pelo fruto que ainda não veio. Deus abrirá os nossos olhos e há de nos mostrar que a Sua obra é perfeita e que o nosso clamor não é em vão.

Seus conselhos são verdade e firmeza, alicerces necessários e suficientes para toda a terra. Ocupemo-nos, pois em carregar o Seu fardo que é leve e suave, e deixemos que a colheita fale por si só. Ele é o sumo Agricultor (João 15).

Que ELE habite em nossos corações!

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