As linhas abaixo são conteúdo de uma redação que fiz em 5 de outubro de 2002, e selei, e postei para uma pessoa muito querida que revelou para mim não acreditar na existência de Deus.
Houve adaptação do texto ao postar neste blog. O teor de tudo são frutos de leituras feitas em livros, artigos de revistas (que nem possuo mais) e notas de rodapés de bíblias de estudos. Gostaria de citar fontes, mas como escrevi em formato de carta não as registrei naquela época.
Olá, como vai você?
I – A dificuldade em aceitar o incompreensível
Sabe, existem muitas coisas nesta vida que não entendemos, no entanto, não nos preocupamos com elas. Então, dizer que existem muitas coisas na Bíblia Sagrada e no meio evangélico que não consegue entender não é a melhor saída para se manter distante das verdades espirituais.
Exemplos:
• Ninguém deixa de comer somente pelo fato de não descobrir o mistério da assimilação dos elementos pelo organismo. Não sabemos como as verduras, os ovos, os pães e as carnes se transformam em unhas, cabelos, músculos, energia...
• Ninguém deixa de consumir margarina e manteiga por não ter idéia de como uma vaca preta comendo capim verde depois produz leite branco.
• Ninguém dispensa o uso da iluminação elétrica só porque desconhece a lógica da física que trata do comportamento de circuitos elétricos ou a fabricação deles.
Caro ateu, então, só a Bíblia Sagrada não merece a sua aproximação por não entendê-la perfeitamente?
II – A dificuldade em se entregar ao incompreensível
O ser humano se presta às ocupações de carona e passageiro e confia sua vida ao motorista do automóvel, aos pilotos de helicóptero e de avião; o ser humano confia sua vida ao médico-cirurgião...
Por que não confiar e entregar a vida ao Criador, também? Por que deixar a vida nas mãos de quem é falível e não querer se entregar ao Criador infalível? Pense nisso.
Talvez você titubeie porque é difícil encontrar uma pessoa que explique como aconteceu a inspiração divina sobre os 36 escritores da Bíblia Sagrada. Escritores que foram homens comuns: pastores de ovelhas, agricultores, advogados, pescadores, um cobrador de impostos e um médico.
Eu gosto de argumentar sobre a inspiração divina assim: levaram 1500 anos, aproximadamente, para que as Escrituras Sagradas fossem concluídas e neste espaço de tempo muitos desses escritores não se conheceram e nem tomaram conhecimento da obra literária dos outros que se aplicaram à mesma tarefa. É notável perceber a unidade de pensamento que existe da primeira até a última página bíblica, o que prova que só uma Mente Divina inspirou a Bíblia Sagrada.
Além disso, em face do progresso tecnológico, que fornece aos escritores contemporâneos tanta praticidade e comodidade, eu pergunto a você: se realmente a Bíblia Sagrada não é divinamente inspirada qual é a razão, sendo escrita em tempos remotos e de maneira rudimentar, ainda não ter sido suplantada nos tempos modernos? Como se explica não se juntarem homens brilhantes, formados em biologia, astronomia, botânica, zoologia e todos os outros ramos da ciência avançada e elaborar um livro equivalente, ou melhor, do que as Escrituras, com poder se falar ao íntimo do ser humano com extremo poder revitalizador?
Eu respondo porque não é possível reproduzir o milagre das Páginas Santas: A Bíblia Sagrada é a mensagem do Criador às suas criaturas. As entrelinhas de cada livro falam profundamente ao coração dos leitores, acabando com insatisfações existenciais, porque é Deus se comunicando com a sua própria imagem e semelhança.
III – A dificuldade em crer, primeiro, para em seguida ver
Aos ateus e materialistas Deus não deixa provas da existência dEle. Acreditar nEle é um fato auto-evidente; é necessário crer no Criador para derrubar as barreiras de animosidades.
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“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam” – Aos Hebreus 11.6
IV – A dificuldade em interpretar corretamente Charles Darwin
No livro No Man Can Make A Seed, autor M. Ward, há o relato de que Lady Hope certa vez visitou Charles Darwin, criador da Teoria da Evolução. Ele estava lendo o livro Aos Hebreus, que é parte da Bíblia Sagrada, e disse ser o melhor livro que já se escreveu. Pouco antes de morrer contou que ao redigir sua obra Origem das Espécies fez questão de deixar assinaladas dúvidas em suas opiniões, mas que mesmo assim, surpreendentemente para ele, os homens fizeram das suas interrogações uma quase-religião.
Em vão, por mais de oitocentas vezes Darwin escreveu: portanto, suponhamos, daí, pode ser, talvez seja-nos permitido concluir...
A Teoria da Evolução nunca foi confirmada pela ciência como um fato. A ciência lança mão de três classificações de idéias: a hipótese; a teoria; e, a lei.
A hipótese é a conotação menos importante à classe científica. Só depois que uma hipótese passa por intensas investigações, por testes contínuos, completos, e permanece crível apesar de tais exames, então é considerada uma teoria.
Por sua vez, a teoria quando permanece inabalável aos constantes testes universais, então, recebe reputação de lei. Foi o caso da Lei da Gravidade, hipótese nas mãos de Isac Newton e depois da bateria de testes de Albert Einsten se transformou em uma lei.
Grande parte dos ateus fecha os olhos para essa realidade dos textos de Darwin. Talvez por não terem a facilidade de entregar o coração ao Criador e por não conseguirem compreender e nem aceitarem que, como criaturas, possuem conhecimento limitado no campo espiritual.
V – A dificuldade em driblar os maus exemplos de alguns cristãos
É verdade que existem péssimos exemplos no meio evangélico. Mas essas pessoas não devem ser tomadas como motivos de impedimentos para um ateu se aproximar de Deus.
Se você conhece comportamentos errados de algumas pessoas que se identificam como cristãs evangélicas, coloque em sua mente que a Bíblia Sagrada condena todos os religiosos hipócritas. E atenha-se à informação de que a Palavra de Deus nos incentiva a não olhar exemplos de meros mortais, pede de nós que olhemos e imitemos ao Senhor Jesus Cristo.
Devemos olhar para o Mestre Jesus, Ele é a fonte motivadora que nos fortalece e promove condições para alcançar o céu.
Para receber a salvação da alma humana não basta seguir uma religião. Existem religiosos enganados, eles dizem que nasceram na religião do pai deles e nelas morrerão. Essa frase é um eco e reflexo de tradições, mas o Evangelho não segue o padrão tradicional de nenhuma instituição humana.
Então, caro ateu, tome uma atitude racional entre você e Deus. No mais intimo do seu ser fixe seus pensamentos no Ser Superior, o Criador, Deus... Seja sincero e se apresente com as suas dúvidas, medos, erros, acertos e diga “estou aqui, me ajude a aproximar mais e ser salvo por Ti, em nome de Jesus Cristo”.
Havendo coração sincero e determinação para iniciar um relacionamento espiritual da sua parte, o Criador fará a parte dEle e agirá na sua capacidade de entendimento espiritual e muitas coisas que outrora eram de difícil compreensão passarão a ser dominadas pelo seu intelecto.
Cordialmente,
Eliseu Antonio Gomes
Houve adaptação do texto ao postar neste blog. O teor de tudo são frutos de leituras feitas em livros, artigos de revistas (que nem possuo mais) e notas de rodapés de bíblias de estudos. Gostaria de citar fontes, mas como escrevi em formato de carta não as registrei naquela época.
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“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam” – Aos Hebreus 11.6
Um comentário:
Caro senhor, não que eu seja ateu, vejo acima uma discussão brilhante que você colocou em Mersault:, entretanto hoje em dia sabemos mais que crer em Deus é mesmo algo racional? Essa concepção caiu ao passarmos de modernos (enquanto Momento histórico filosófico a contemporâneos; em nossos dias a existência entendida como fator primeiro. Essa é uma postura ateu? Não, muito pelo contrario, ela em minha pessoa representa um pouco da postura camusiana: Deus é mais um absurdo neste mundo... a fé meu caro amigo possuo-a e muito, mas após ler Unamuno deixei de pensá-la como racional e passei a vê-la como sentimental e não contingente. O argumento ontológico de Santo Anselmo é absurdo: um postulado analítico não cabe para defendermos a existência de Deus: a fé é coisa do coração assim como a razão está para a filosofia, para matemática e ciências, não para Deus, inventamos Deus, como dizem os ateus, mas descobrimos algo de verdadeiro nessa “invenção”, na verdade O descobrimos, e foi mais pela dor (sentimento) que isso foi feito do que pela razão.
Como fica se a existência precede a essência à figura de Deus? Essa é, mas uma aporia que não temos resposta e implica um paradoxo profundo, não cabe mas essas questões metafísicas o que é relevante é a fé.
Outra questão Camus não é racionalista, seria um contra senso, suas principais leituras foram Nietzsche, Kiekerggard, Pascal como você bem lembrou; na verdade em nossos tempos não há a possibilidade de racionalismo esta postura está bem fora de moda (hoje o racionalismo remete à epistemologia da filosofia analítica e das matemáticas não cabe à religião).
Camus é o formulador de um "humanismo" sem Deus, um humanismo existencial – apesar dele não ser existencialista – ele não está preocupado com a religião, na verdade ele acredita que estamos num mundo sem Deus (O Mito de Sisifo: a luta pela vida basta para encher o coração de um homem. Há uma frase fantástica dele: “Não acredito em Deus, mas não sou ateu”, há muitas contradições em Camus, o que interessa a filosofia e à historia é que Mersault pode ser entendido não apenas como um ateu, mas como o homem que representa um pós guerra e alguém desmascarado, quase sem humanidade, o homem depois de um holocausto, o homem que não quer mas que vê em tudo isso o abandono de Deus no mundo, que não sente a sua falta (ou não? Porque tanta angustia em Mersault?) inventa estratagemas e é visto como um estranho, ou melhor como um homem que há em todos nós mas não queremos admiti-lo.
Sei que meu texto soa contraditório assim como a figura do próprio Mersault, apesar de não ser ateu vejo nesse humanismo de Camus um moralismo absurdamente legitimo, que por se saber absurdo não se faz entender... igualmente nossas vidas.
Mais uma vez admito que há muitas contradições em meu texto, nem espero ser entendido, deixo aqui mais perguntas que respostas!
Há muitas coisas a discutirmos...
Como um todo vejo seu texto muito bem escrito e claríssimo;
Felicito seu texto! E gostaria de ver mais pastores tão intelectuais como vossa pessoa.
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