sábado, 12 de julho de 2014

O CÂNTICO DE MARIA




Alimentei o meu Cordeiro, todos
os outros estão mortos, levaram séculos
a morrer, o meu Cordeiro não
as minhas mãos assumiram formas de amor
nos seus cabelos, cuidei-O com desvelo
a sua beleza era a minha
correu pelos campos de Nazareth, as suas mãos
pela madeira, preparavam-na para o bom nome
do carpinteiro, o meu Cordeiro como todos
os meninos, tinha os anjos acampados
ao redor do seu sono, até ao dia
em que veio o deserto
e as multidões, as meretrizes e os publicanos
todos os pobres sem violência
e vieram outros do seu povo injuriá-lo, lavrar
nas suas costas a chicote a ignorância
coroá-lo com o peso viperino dos espinhos
e os meus olhos não suportaram
a verdade do meu Cordeiro numa cruz.

12-07-2014

© João Tomaz Parreira  

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