Nelson Mandela (1918-2013) |
Por George
Gonsalves
Sou um
privilegiado. Vivi na mesma época em que também viveu Nelson Mandela. Dizem que
os homens só se tornam célebres quando morrem e, às vezes, muito tempo depois.
Assim, Leonardo da Vinci não era considerado um gênio tão grande em vida.
Também Beethoven não era sinônimo de
música clássica no início do século XVIII. Mas com Madiba, como era conhecido, foi
diferente. Mesmo vivo, ele foi reconhecido com um dos grandes homens dos séculos
XX/XXI. Daqui a cem anos ainda se falará dele, mas a morte não o elevou a um
patamar maior do que àquele que ele alcançou em vida.
Contudo,
chego a pensar que Mandela é um homem de outro tempo. Numa época em que o mundo
cultua celebridades vazias e proclama a vingança como virtude; em tempos em que
pessoas não são capazes de sequer sofrer por aquilo que mais acreditam e que
líderes políticos só pensam em se locupletar, eis que viveu Mandela. Nascido e
forjado para o ódio e a vingança, soube “relevar”, como ele mesmo disse. Não
temeu morrer para ver o ideal de uma nação em que a cor da pele não decidiria o
futuro dos homens. Depois, não usou o poder para destruir os que o odiavam.
Esta
noite poderei dizer aos meus filhos que há mais do que gente mesquinha, covarde
e vingativa no mundo. Poderei dizer que os homens aplaudiram Mandela, não por
suas façanhas esportivas ou mesmo artísticas, mas porque ousou pregar o perdão
em uma terra de guerra. Ele faz nos lembrar de outro homem que, como Mandela,
nasceu em um lugar pobre (Belém) e em conflito, anunciou o perdão de Deus aos
homens e nos ensinou a perdoar-nos uns aos outros. Deste, o mundo precisará
muito mais.
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