terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Vede como exerceis a vossa justiça...


A Bíblia é um tesouro riquíssimo. Cada livro está estruturado de acordo com as tendências de sua época, sem perder a essência e a inspiração. Cada personagem desenvolve um papel único, ao mesmo tempo que interage com os demais. É uma trama na qual não podemos seccionar uma parte e esquecer as outras. Ao contrário dos interpretadores liberais, amor e justiça, por exemplo, são propriedades intercambiáveis ao longo do Livro Sagrado.

Assim é que o texto faz digressões espetaculares, no décimo capítulo do livro do profeta Isaías, para mostrar que a vingança pertence unicamente ao Senhor, conhecedor pleno que é dos fatos ocorridos e suas motivações. É que a Assíria sendo a executora dos juízos divinos contra Israel se ensoberbeceu no exercício deste mandato.

A genética assíria era guerreira, não custa lembrar. Um de seus reis, Salmanazar I, capturara quatorze mil soldados e, para certificar-se que não se rebelariam, furou-lhes os olhos! Assim exerciam tiranamente o governo sobre os povos vencidos. E foi exatamente esta tirania que precedeu a ruína de Nínive. Julgando que uma constelação de deuses os ajudavam, os fortes soldados exageraram na dose, perdendo o senso. Deus prometeu destruir a nação e o fez como conta a história.

O link inevitável com nossos tempos é que por vezes nos pretendemos mais justos do que Deus. Nosso zelo exagerado não nos faz muito diferentes dos radicais islâmicos. Afinal, o que é um radical? Alguém que não sabe pelo que está lutando. Assim perdemos o norte, e somos como cada um daqueles soldados na sua selvageria. Ora em palavras, ora em articulações, ora em descrédito para com nosso próximo, porque hoje as armas são outras, procuramos uma justiça que não está na Palavra de Deus. Ou ainda que autorizados pelo texto sagrado, deveríamoos exercer com amor. É preciso cuidado para não termos a mesma sorte.

Publicado originalmente em Reflexões Sobre Quase Tudo!

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