quinta-feira, 28 de maio de 2009

O crescimento dos evangélicos no Brasil

*
Marcos Antonio


Por Valmir Nascimento Milomem

Nos últimos dias uma quantidade considerável de publicações acerca do crescimento dos evangélicos no Brasil vem ganhando espaço na mídia secular. Recentemente, por exemplo, o pastor César Moisés fez comentário sobre uma série de reportagens com o tema “Fé sob medida”, que foi ao ar no telejornal do STB. Nessa semana, discutimos no nosso programa de debates a matéria “Fé e lucro levam igreja a crescer a 1%” do jornal Folha do Estado(Mato Grosso).

Nesse foco, a revista Época (edição do dia 25/05/2009), na matéria que tem como título a pergunta “Metade do Brasil será evangélica?”, registra que o crescimento da religião pode dar uma nova cara ao país; isso em razão das estatísticas do Serviço de Evangelização para a América Latina (SEPAL), de que a metade dos brasileiros será evangélica em 2020. Segundo a matéria, a partir do crescimento numérico, outro fenômeno parece se delinear no horizonte: o aumento da influência desses fiéis em todas as esferas da vida brasileira.

Os estudiosos consultados pela revista dão como certo que o aumento da população evangélica levará à diminuição no consumo de álcool (todas as denominações protestantes pregam contra ele) e prevêem que a escolaridade aumente, já que crianças protestantes são incentivadas a ler a Bíblia. No que se refere à violência, porém, as mudanças podem não ocorrer.

Estamos diante de uma questão que envolve a cosmovisão cristã. Será que uma nação com maioria evangélica seria necessariamente uma nação melhor ou, como diria Colson, uma sociedade boa? Depende. Essa é a resposta. Resposta estranha, é claro, já que, naturalmente, a cosmovisão cristã aponta que a sociedade ideal seria aquela norteada pelos princípios morais dados por Deus. Não foi por acaso essa a tônica de “Cidade de Deus” de Aquino, e uma das principais idéias defendidas por Francis Schaeffer? Não foram os cristãos chamados para redimir uma cultura?

Sim, de fato, e por isso mesmo a resposta é depende.

Depende se esse crescimento dos “evangélicos” será simplesmente numérico ou também qualitativo. Depende se os “evangélicos” resistirão ou não aos apelos do relativismo moral e do pluralismo ideológico da pós-modernidade. Depende se os “evangélicos” manterão a identidade. Depende se os “evangélicos” utilizarão a fé somente nos finais de semana ou também em todos os aspectos da sociedade. Depende se os “evangélicos” professarão a fé por questão de convicção ou de conveniência. Depende…Depende…

Em outras palavras, o crescimento numérico dos evangélicos provocará mudanças positivas dentro da sociedade somente se realmente for adotado uma postura de vida essencialmente alicerçada nos princípios imutáveis da Bíblia. Como disse Schaeffer: “Enquanto cristãos, não basta só conhecer a cosmovisão correta, a cosmovisão que nos diz a verdade sobre o que existe, mas também agir conscientemente de acordo com aquela visão de modo a influenciar a sociedade o máximo que pudermos em toda as suas áreas e aspectos e por toda a nossa vida, na total extensão dos nossos dons individuais e coletivos”. [1]
É por isso que não me ufano ao ler essa notícia. Fico contente, é claro. Mas fico a ponderar sobre esse “fenômeno gospel”, para não cair no erro de confundir o joio com o trigo.

O que é necessário para criar-se uma sociedade boa? Charles Colson e Nancy Pearcey respondem: “Um forte sentimento de certo e errado e uma determinação para colocar adequadamente em ordem a vida de alguém. Não por causa do sombrio senso de dever, mas porque isso se ajusta à nossa natureza criada e nos faz felizes e mais realizados. Quando homens e mulheres agem de acordo com a sua verdadeira natureza, sentem uma sensação de harmonia, satisfação e alegria. Isso é felicidade, o fruto da virtude”.[2]

Notas
1 – Como Viveremos, p. 194
2 – E Agora, Como Viveremos? P. 449.

via blog E Agora, Como Viveremos? - http://comoviveremos.com/

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