domingo, 14 de julho de 2019

ORAI PELOS ENCARCERADOS - Wagner Antonio de Araújo


Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo. (Hb 13:3)
 
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. (Mt 25:36)
 
Mas estes, como animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção, (2Pe 2:12)
 
A moderna sociedade interpreta a prisão como um meio de ressocialização. Porém, interiormente, o nosso coração clama por punição, justiça. Justamente por falta deste elemento de retribuição é que acontecem diversos crimes e justiça com as próprias mãos, sempre impróprias, desproporcionais e sem moral.
 
As prisões brasileiras estão repletas de pessoas que devem pouco, enquanto muitos dos que muito devem estão ou no poder ou no empresariado. Os valores deste país não são nem justos e nem bíblicos. Honra-se o ímpio e pune-se o justo. Porém, entendendo-se que crime é crime, a prisão separa aqueles que devem e têm que pagar; separa aqueles que são um perigo para a sociedade, pelo menos teoricamente.
 
Mas são prisões horríveis e infernais. Um preso gasta R$1.400,00 de sustento em SP e R$4.200,00 numa prisão tercerizada do Amazonas. São os nossos impostos que pagam essa mantença. Um dinheiro desses poderia prover locais limpos, bem guardados, arejados, seguros, disciplinados, com organização e regras. Contudo, assim como um grande cano cheio de vazamentos, o dinheiro de cada preso irriga a corrupção de tantos, que vivem dos desvios públicos. Ao preso reserva-se gaiolas abarrotadas, latrinas imundas, salões insalubres, servidores inseguros e despreparados e uma ampla liberdade de circulação de gente e comunicação com o crime exterior das cadeias. Ou seja: o preso está apenas alocado na cela; mas continua em plena atividade criminal. No exterior um preso precisa usar telefone público e em frente de servidores públicos; aqui eles possuem até rede de comunicação por internet.  Nós, do lado de fora, ficamos perplexos. Eles, do lado de dentro, criam suas instituições paralelas, verdadeiros mini-estados onde celebram suas datas, defendem seus cidadãos e punem os seus inimigos. Ou seja: um poder paralelo que não tem limite. Por esta razão o país está perplexo e agora, através da mídia, expõe publicamente toda a podridão e a dimensão deste mal.
 
Mas, o que os três versículos que citei no início têm em comum com esta meditação?
 
1) O Apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, ordena aos cristãos para lembrarem-se dos encarcerados e maltratados, e diz que deveríamos sentir a sua própria dor. Que dor? Não estão lá por demérito próprio? Muitos sim, mas outros não. Há gente inocente que está presa. Imaginemo-nos no lugar de um inocente, preso por engano, que é obrigado a submeter-se à submissão animal e ao fétido ambiente prisional para não ser morto. Um pai de família injustiçado, um jovem confundido, um perseguido por racismo, um jurado de morte no bairro onde vivia. Deus diz que devemos orar por eles. E pelos outros, pelos que merecem estar lá? Também orar, pois, atrás de toda essa bárbara satanização de vida, existe um resto da imagem original de Deus no coração de cada homem. E, se despertados em seu entendimento e em sua morte espiritual, poderão ter um autêntico encontro com Deus, uma transformação radical de vida. Poderão tornar-se novas criaturas e serem transformados nas celas. Libertados na prisão!
 
2) Jesus diz que esteve preso e que foram vê-lo. Quando esteve preso? Ele mesmo responde: quando fizermos isso por alguém, teremos feito a Ele. Como comparar Jesus a um marginal encarcerado? Não há comparação. A aplicação é outra: com o mesmo amor com que faríamos uma visita ao Senhor Jesus, deveríamos também nos ocupar e visitar um aprisionado, levando a ele uma atitude de autêntico amor. Porém, com critério e com cuidado, para que não nos tornemos reféns de atitudes nobres, mas imprudentes. Visitar Jesus na prisão é não esquecê-los como se fossem restos depositados num chiqueiro. Pensar e visitá-los é encaminhar a eles a mensagem de Cristo, os cuidados de Cristo, o amor em prática através de cuidados, de ajuda, de solidariedade com a família sofredora. O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Se fizermos isso como que para Jesus, faremos com amor. E Jesus disse que entenderá ser para Ele mesmo que fizemos.
 
3) Os blasfemos, violentos, maus, perecerão. Sim, é o que a Bíblia promete. Muito além da justiça humana, que é falha e imperfeita, a justiça divina saberá punir para sempre e de forma exemplar aquele que possui maldade intrínseca à sua natureza. Pessoas que não apenas matam, mas degolam, arrancam o coração, desossam, cospem, fazem vazar as entranhas, riem, se divertem a jogar futebol com a cabeça de um inimigo, tudo isso virá a juízo diante do Grande Trono Branco, onde o Justo Juiz impetrará a sentença final: a perdição eterna no lado de fogo e enxofre, onde o seu bicho não morre e onde o fogo nunca se apaga. Sofrimento eterno, não aniquilação eterna. Será terrível, horrendo, monstruoso, mas a Justa Justiça saberá dosar, impetrar, punir e fazer imperar a vontade do Criador. Nós sabemos quem são essas pessoas? Não. E por que não? Não são os que são cruéis? Sim, mas até um cruel pode ser, subitamente, alcançado pela luz do Céu e converter-se dos seus maus caminhos. Até um ímpio por completo pode ser transformado numa nova criatura, num novo nascido, num salvo pelo sangue de Cristo. O Apóstolo Paulo afirmou: Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. (1Tm 1:15).
 
Lembremo-nos que José do Egito foi um presidiário. E alí na prisão Deus usou a sua vida, tirando-o de lá e transformando-o no primeiro ministro do Egito. Daniel, o profeta, também; foi salvo da boca dos leões. Pedro, Paulo, João, Barnabé, Silas, todos foram encarcerados e diversos deles morreram decapitados, queimados, morreram na prisão. Mas eram crentes e luz para a glória de Deus. Há gente do Senhor nas prisões horrendas deste país. E nós devemos orar por eles. Orar e sustentá-los espiritualmente. Corresponder-nos com eles. Se possível, visitá-los. Apoiar o trabalho de missionários que se dedicam a levar o evangelho aos encarcerados. Buscar a justiça para os que ali sofrem injustamente. E clamar para que os ímpios e violentos criminosos sejam salvos pelo sangue de Jesus Cristo, fazendo chegar às mãos deles, aos ouvidos deles a Santa Palavra de Deus, única espada de dois gumes, capaz de converter um criminoso de seus erros e pecados.
 
Nesta semana triste para o Brasil, quando sessenta presos foram decapitados em Manaus por outros prisioneiros de grupos rivais, quando pensamos no grave problema prisional que vivemos como nação, pensemos nesta imensa população carcerária e elevemos aos céus as nossas preces, as nossas orações, em favor dos prisioneiros, para que os que lá estão injustamente sejam libertados, para que os convertidos do Senhor sejam protegidos e aguentem a difícil vida carcerária e para que os ímpios e criminosos, possuídos pelo Diabo, sejam libertados e transformados pelo poder de Deus.
 
Não nos esqueçamos do que o Senhor Jesus citou, em cumprimento ao Seu próprio ministério messiânico:
 
O Espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; (Is 61:1)
 
 
Wagner Antonio de Araújo

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