domingo, 7 de junho de 2015

COMO ANDA O NOSSO AMOR AO PRÓXIMO?


Tendo purificado as vossas almas, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos de coração uns aos outros ardentemente” (1Pe 1.22).


O destaque no texto bíblico citado é meu: chama-me à atenção. Porventura, o amor que eu demonstro aos irmãos confere com a recomendação petrina? O apóstolo Pedro registra um estado necessário para a prática do amor fraternal não fingido: ter purificado a alma pela obediência à verdade. Compreenda-se, pois, que não é pela sua própria natureza que o homem pratica esse amor isento do fingimento: a prática recomendada se efetiva por obediência à verdade.


Para o ser humano é fácil a prática do amor fingido; essa espécie de amor que nos libera de maior compromisso com o próximo; esse amor do desobrigado “Como vai?”.


Muitas vezes, Deus permite que sintamos fortemente, na pele, o problema que nosso irmão enfrenta. Só assim, acordamos para uma realidade. Deus permite que nos faltem os recursos financeiros, a fim de que avaliemos os problemas do nosso irmão; Deus permite que sejamos perseguidos, para entendermos a crise de nosso irmão; Deus permite que nos sintamos sós, desamparados, sem apoio, para que avaliemos a solidão de quem está tão perto de nós.


É inegável que todos os cristãos estamos acostumados àquele rotineiro encontro dominical, na igreja que frequentamos; estamos conformados com o cumprimento trivial, desatento, insosso que não passa de uma perguntinha retórica: “Como vai?” A resposta também é retórica: “Tudo bem.” Isso dificilmente reflete a verdade, já que um não se interessa; e outro não abre o coração.


Quanto problema se localiza entre esse simples cumprimento? Quanto coração ferido? Quanta mágoa irritando a alma? Quanta necessidade de apoio material e espiritual? Quanta falha cometemos?!


Que sentimento nos une tanto, que - na maioria das vezes - nem damos conta de que algo, realmente não vai bem? A questão está em que perdemos a convivência e o interesse pelo outro.


A frequência semanal com que nos vemos encobre problemas mil do coração alheio. Geralmente, somos alertados pela ausência constante de quem não tinha esse hábito; por isso, estranhamos. Estranhamos a ausência, não nos fere o possível problema, causador da ausência. Quanto aos “desaparecidos” de entre nós, o tempo tem-se encarregado de apagá-los de nossos pensamentos. Quantos já “desapareceram”, e não damos conta disso? Quantos desistiram da convivência, e com eles não nos importamos? Como podemos dizer que somos “corpo”? Acaso, pode o corpo perder uma parte, sem se dar conta disso? Então, mentimos! Mentimos muito!


A vida secular, em nosso tempo, afasta-nos dos irmãos; temos “nossos” (pessoais) problemas.  Não há espaço para nos lembrar de quem é o nosso próximo. Enfim, esquecemo-nos do amor ao próximo. Não é só do amor não fingido que nos esquecemos: esquecemo-nos da obediência à verdade. De que verdade nos esquecemos?


A verdade esquecida é a recomendação do Senhor: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João, 13. 34-35).


A recomendação do Senhor Jesus não se resume a que amemos o próximo; mas, que o amemos como ele nos amou! Como o Senhor nos amou? “Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13. 1 - destaque meu).


Concluo que estamos em grande falta perante o Senhor, também nesse quesito da vida cristã. É necessário atentarmos para a obediência à verdade e, por ela, dedicarmos o amor não fingido, para que haja bênçãos sobre as nossas vidas.


Grande parte dos “evangélicos” da atualidade praticamos um evangelho vazio, personalista, voltado para o nosso próprio interesse. Reunimo-nos no templo para pedir “Eu quero de volta o que é meu”; “eu vim buscar a minha bênção!” Se Jesus estivesse fisicamente entre nós, o que Ele nos diria? O que Ele nos diz, hoje, pelo Espírito Santo? “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2. 29).


Essa desatenção ao amor não fingido não está restrita a igrejas e comunidades teologicamente reprováveis. Os “crentes verdadeiros”, ligados aos ministérios “aprovados” pela doutrina bíblica também estamos em grande falta para com a obediência à verdade. Qual será a situação dos nossos relacionamentos fraternos, dos nossos cultos, dos nossos louvores, das nossas pregações, diante do Senhor que nos remiu por amor incondicional e imerecido?


Ev. Izaldil Tavares de Castro.

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