quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Os "evangélicos não praticantes"


por George Gonsalves

No Brasil nos habituamos a ouvir a expressão "católico não praticante". Talvez eu mesmo tenha sido um. A expressão se refere a pessoas que, professando-se católicas, não seguem as diretrizes morais da igreja de Roma. Geralmente são contra as posições do Vaticano sobre o aborto, o divórcio ou a homossexualidade, por exemplo. Também não são frequentadores assíduos das missas, nem se confessam regularmente com o padre.
Pois bem, infelizmente, está crescendo em nosso país o número de pessoas que, dizendo-se evangélicas, não pertencem a nenhuma igreja e, além disso, não seguem padrões de conduta tidos como ortodoxos pela esmagadora maioria dos crentes, sejam pentecostais ou tradicionais. Estão nos cultos, são frequentadores da igreja, às vezes até participam de atividades, mas são apenas "evangélicos não praticantes". Segundo o IBGE, que pesquisou o tema em 2003 e 2009, entre evangélicos, a fatia dos que se disseram sem vínculo institucional foi de 4% para 14% - um salto de mais de 4 milhões de pessoas.
Não são raros os casos de pessoas presas pela prática de diversos crimes afirmarem, em seus depoimentos, que são evangélicos. Há, ainda, pessoas que vivem em autênticas farras, regadas a álcool e drogas, ou na prática desregrada de sexo fora do casamento, que se declaram evangélicas. Nesta esteira há também os corruptos e fraudulentos, verdadeiros "amantes das coisas alheias".
Este grupo costuma ser indiferente às doutrinas que caracterizam a maioria dos evangélicos: "Jesus Cristo como único mediador entre Deus e os homens", "fé como meio de salvação", "Bíblia como única regra de fé e prática". Cada um tem o seu próprio credo. Dizem que "não seguem a homens, mas somente a Deus".  
Talvez este fenômeno seja semelhante ao que C.S. Lewis chamou de "cristianismo água-com-açúcar". Ele explica: "De acordo com ele, existe um bom Deus no Céu e tudo o mais vai muito bem, obrigado - o que deixa completamente de lado as doutrinas difíceis e terríveis do pecado, do inferno, do diabo e da redenção". 
Parece que as pessoas querem o bônus (bençãos) de servir a Deus, mas não o ônus (arrependimento, renúncia). Mas, isto não é possível. Apesar de ninguém poder afirmar que vive integralmente o evangelho, não podemos nos assemelhar aos "evangélicos não praticantes", porque assim estaremos desonrando Àquele que "amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela (Ef. 4:25).

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