terça-feira, 21 de agosto de 2012

Dedilhando harpa: o poder restaurador do perdão




Jesus é a mais bela e intensa melodia para alma






Wilma Rejane
Em: A Tenda na Rocha


 “Davi, como nos outros dias dedilhava harpa; Saul, porém, trazia na mão sua lança” I Sm 18:14

A harpa e a lança. Esses dois instrumentos que ilustram a história dos reis  Davi e Saul, revelam naturezas distintas, antagônicas. Uma observação solitária de cada um desses instrumentos, poderá nos remeter a muitos significados. Dificilmente, porém deixaríamos de associar harpa a canções e lança a violência. Analisemos  algumas passagens do livro de I Samuel que citam “harpa e lança” ao cotidiano dos reis em questão:

“O espírito maligno, veio sobre Saul; estava ele assentado em sua casa e tinha na mão a sua lança, enquanto Davi dedilhava seu instrumento musical” I Sm 19:9

“Ouviu Saul que Davi e os homens que o acompanhavam  foram descobertos. Achando-se Saul em Gibeá, debaixo de um arvoredo, numa colina, tendo na mão a sua lança, e todos os seus servos com ele” I Sm 22:6

“...Então Saul se jogou sobre a lança de seu escudeiro e morreu. I Sm 31:4

Se enfatizarmos que Saul , movido por ódio e inveja, perseguia Davi, a introdução desses instrumentos  (harpa e lança) no contexto histórico de I Samuel,  ganha novos significados.  Saul portava lança nas mãos para onde quer que fosse porque era um homem movido pelos próprios instintos, de espírito sobressaltado e pronto para revidar com violência a quem o desagradasse.

Davi Portava lança apenas quando ia a guerra, mas era dedilhando as cordas de uma harpa que ele externava seu espírito manso e de adorador. Enquanto Saul pensava constantemente em vingança, Davi praticava o perdão. Saul é a típica representação do homem distante de Deus, Davi um “homem segundo o coração de Deus”: o que não alimentava mágoa ou qualquer outro veneno que contaminasse seu coração.

O desafio da música

Não é fácil  dedilhar harpa enquanto nos apontam uma lança. Mas é nessa analogia entre instrumento musical e arma de guerra que desvelo a vitória dos fracos, dos que renunciam a si mesmo para  se deixar dirigir pelo Espírito Santo de Deus. Esse pensamento cristão que contraria o domínio dos instintos, da força das paixões, já foi muito combatido pelo Iluminismo durante o século  xviii. Nietzsche também foi defensor de um tipo de homem, chamado super,  que se caracterizava pelo esquecimento da fé, de Deus e se apoiava em suas vontades e forças para conquistar o mundo. O “dar a outra face” dos cristãos era tanto para o iluminismo quanto para Nietzsche  o surgimento de uma nação de fracos, debilitados, entorpecidos pela ignorância de não conhecer seus poderes. Esse pensamento ainda é presente nos “portadores de lança”


Dedilhando  harpa


“Não por força, nem por violência, mas pelo seu espírito, diz o Senhor dos exércitos” Zc 4:6

Ao traduzir a palavra “força” nesse verso, tem-se “chayil” (Strong 02428) que designa “exército, militar”. Na presente referência, Deus diz que o templo de Jerusalém seria reerguido por homens dirigidos pelo Espírito Santo, não por força militar ou trabalhadores musculosos. O poder de Deus, capacitaria um grupo de homens para fazer a obra. E essa obra, sofreu forte oposição, contudo foi concluída, aleluia!

Vejam, o homem cristão não é passivo, acomodado, auto suficiente. Ele se move, se movimenta,  direcionado pelo Espírito Santo, eis a diferença, entre os que portam harpa e os que portam lanças!

Jesus nos diz: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” João 16:33. E de que forma Jesus venceu? Não por força, nem por violência, mas pelo Espírito Santo de Deus! Enquanto os inimigos o perseguiam  , portando lança, Jesus “dedilhava harpa”. Ele repreendeu Pedro por ter usado a espada para cortar a orelha de um soldado romano: “Meta no seu lugar a espada, porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão” Mt 26:52. Não foi isso que aconteceu com Saul? Tanto amou a lança que acabou sendo morto por  ela.

A força dos fracos

Sabemos que não é nada fácil controlar os instintos e tornar o espírito manso, essa obra somente Deus pode fazer. Mas é justamente quando reconhecemos nossa incapacidade, nossa fraqueza  e nos entregamos Aquele que venceu o mundo (Jesus) que nos tornamos fortes. Daí aprendemos que vencer nem sempre é vencer, é também perder: dar a capa quando tentarem nos tomar a túnica Lc 6:29,  orar pelos que nos perseguem Mt 5:44, andar mais uma milha ( Mt 5:41) dar a outra face (Mt 5:39). Essa é a vitória dos fracos.

Em Cristo, nossa Fortaleza.

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