sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Garota no carnaval


Cheio de razão, um adágio popular diz que beleza e feíúra têm em comum a capacidade de chamar a atenção.

Eu evito sintonizar canais de televisão durante os dias de carnaval. Mas, é notória a realidade que as avenidas  servem para culto ao corpo feminino. Para as feias, resta ocupar as arquibancadas. Mas, essa realidade é motivo para lamúria daquelas que participam das escolas de samba e não das que têm como opção apenas assistir.

Todos sabemos. Para viver bem, é necessário saber lidar com a situação da presença e ausência da beleza. A nossa e a do outro.

Nem todas as pessoas portadoras de beleza têm noção que são belas. É grande o número de pessoas incapazes de avaliar corretamente a imagem que possuem. Para elas, o conceito sobre o que é belo é diferente do que elas enxergam em si mesmas, são admiráveis que não se admiram, são felizes sem saber que são.

O valor do frasco de perfume não reside em sua aparência, mas na qualidade que seu conteúdo exala. A beleza feminina não deveria estar ligada aos atos vulgares, à la garotas semi-nuas no carnaval, dançarinas do funk carioca e de conjuntos do axé music.

É incontável o número de mulheres conscientes da representação do biotipo que possuem. Para elas, é inevitável ouvir declarações e perceber o impacto que suas presenças causam. Então, nesta geração capitalista em que estamos mergulhados, elas passam a usar sua figura para projetar-se na vida e conquistar o que lhes interessa. Algumas fazem isso caminhando em porte elegante enquanto outras caem na vulgaridade.

A beleza deveria estar sempre associada com a felicidade. Coexistir entre comportamentos naturalmente sofisticados. Deveria ser reverenciada pela bondade. Que pena, a realidade não é assim.

Não poucas mulheres se vestem, ou se despem, para receber buzinaços, assobios, onomatopéias. Muitas vezes o destino da passarela dessas garotas exibicionistas é uma bifurcação que as conduzem para encontros não programados com seres brutos, homens cujos cérebros são piores que amebas podres, gentes com coração incontinente. Tais encontros resultam para elas em lágrimas, sangue, epitáfio.

E.A.G.

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