Cheio de razão, um adágio popular diz que beleza e feíúra têm em comum a capacidade de chamar a atenção.
Eu
evito sintonizar canais de televisão durante os dias de carnaval. Mas, é
notória a realidade que as avenidas servem para culto ao corpo
feminino. Para as feias, resta ocupar as arquibancadas. Mas, essa
realidade é motivo para lamúria daquelas que participam das escolas de
samba e não das que têm como opção apenas assistir.
Todos sabemos. Para viver bem, é necessário saber lidar com a situação da presença e ausência da beleza. A nossa e a do outro.
Nem
todas as pessoas portadoras de beleza têm noção que são belas. É grande
o número de pessoas incapazes de avaliar corretamente a imagem que
possuem. Para elas, o conceito sobre o que é belo é diferente do que
elas enxergam em si mesmas, são admiráveis que não se admiram, são
felizes sem saber que são.
O
valor do frasco de perfume não reside em sua aparência, mas na
qualidade que seu conteúdo exala. A beleza feminina não deveria estar
ligada aos atos vulgares, à la garotas semi-nuas no carnaval, dançarinas
do funk carioca e de conjuntos do axé music.
É
incontável o número de mulheres conscientes da representação do biotipo
que possuem. Para elas, é inevitável ouvir declarações e perceber o
impacto que suas presenças causam. Então, nesta geração capitalista em
que estamos mergulhados, elas passam a usar sua figura para projetar-se
na vida e conquistar o que lhes interessa. Algumas fazem isso caminhando
em porte elegante enquanto outras caem na vulgaridade.
A
beleza deveria estar sempre associada com a felicidade. Coexistir entre
comportamentos naturalmente sofisticados. Deveria ser reverenciada pela
bondade. Que pena, a realidade não é assim.
Não poucas mulheres se vestem,
ou se despem, para receber buzinaços, assobios, onomatopéias. Muitas
vezes o destino da passarela dessas garotas exibicionistas é uma
bifurcação que as conduzem para encontros não programados com seres
brutos, homens cujos cérebros são piores que amebas podres, gentes com
coração incontinente. Tais encontros resultam para elas em lágrimas,
sangue, epitáfio.
E.A.G.
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