domingo, 15 de janeiro de 2012

O peixe morre pela boca?

O mundo e a fala

Não podemos negar que alguns provérbios são bons, têm virtude e evocam à reflexão construtiva, porém, alguns deles acabam entrando no vocabulário cristão com mais peso do que deveriam.

Há quem afirme categoricamente que o peixe morre pela boca. Podemos concordar em parte. Quando tratamos de casos sobre os falastrões, as pessoas que falam muito, deduzem tudo apressadamente, sem conhecer o alvo dos seus comentários e sem possuir algo importante a dizer.

Provérbios 12.13; 13.3 - "Pela transgressão dos lábios o mau se enlaça, mas o justo sairá da angústia; o que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína".

Tiago 1.26: "Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã".

Ensinando sobre o relacionamento interpessoal entre os cristãos, o apóstolo Pedro escreveu: "Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus" - 1ª Pedro 4.11 (ARC). Da boca humana procede bênçãos e também maldições. É necessário manter-se alerta para reverberar somente o que é edificante. Ao nos comunicar não podemos esquecer que o Senhor deve estar em primeiro lugar em tudo, inclusive em nossas comunicações - falada e escrita. Não significa que devemos trocar os diálogos do dia-a-dia por recitações bíblicas. É saber manter-se dentro dos parâmetros da vontade do Senhor ao emitir qualquer descrição ou opinião. Leia: Filipenses 4.8.

O mundo e a visão

Sabemos que o peixe encontra a morte porque morde a isca. Mas penso que morre porque é comandado pelo seu olhar. Ele vê a isca, é dominado e atraído pelo desejo sem freios. Para tal argumento eu me baseio na Bíblia Sagrada:

Tiago 1.12-15: "Bem aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam. Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte".

1ª João 2.15: "Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concuscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente".

O cristão ao nascer de novo continua a passar por muitas dificuldades, tem dentro de si uma queda natural para pecar, mas possui capacidade para livrar-se de todas as tentações porque Deus não permite que enfrente tentação que não possa vencer. Assim como Deus é santo e ao ver o pecado não se interessa por ele, deveria ser todo ser humano renascido no Espírito. Isso é possível quando há dedicação. A consagração cria o hábito da santidade na alma do cristão, sem consagrar-se ele continua escravizado pelo pecado e tropeça nas ciladas destrutivas que surgem na sua vida (Salmo 7.16).

O olhar do amante deste mundo não é apenas a visão natural. É observador, admirador, ganancioso e invejoso. Amar o mundo é ter prazer em experimentar aquilo que está nele; é seguir adiante sem pensar nas consequências negativas, é querer a ponto de haver disposição de cometer loucuras para possuir o que vê.

Muitos religiosos pecam por causa daquilo que vê. Julgam segundo a visão e não através da reta justiça.

Há duas espécies de religiões, a primeira é a pura e a segunda é a corrompida pelo mundo.

A religião pura louva a Deus seguindo o mandamento do amor - Salmo 119.105; Mateus 22.16; Hebreus 12.2.

A religião corrompida cede aos desejos carnais, peca pelas coisas que são visíveis, pois está escravizada pela força da vista - Isaias 58.1-6; Lucas 9.62; Efésios 2.14.

Conclusão

Apesar de gostar do adágio (o peixe morre pela boca), penso que a morte começa pelos olhos, ou seja, a concupiscência dos olhos. Assim sendo, é necessário vigiar em tudo o que vemos neste mundo, dar atenção e ir atrás apenas daquilo que é a vontade de Deus.

O sinal da existência da maturidade cristã é saber controlar-se completamente.

"Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem" - Hebreus 11.1.

E.A.G.

Fonte: Belverede

2 comentários:

Marduck Sales disse...

É muito bom começar o dia lendo um texto sábio como este. Agradeço ao dono do blog e ao autor do texto.

Marduck Sales disse...
Este comentário foi removido pelo autor.