Pra não dizer que não falei das flores... “Caminhando e cantando e seguindo a canção. Somos todos iguais, braços dados ou não. Nas escolas, nas ruas, campos, construções. Caminhando e cantando e seguindo a canção...” Assim começa a música do Geraldo Vandré que ficou em segundo lugar no Festival Internacional da Canção de 1968, virou um hino de resistência à ditadura militar brasileira e, depois disso, teve sua execução proibida durante anos usando como pretexto a "ofensa" à instituição contida nos versos "Há soldados armados, amados ou não. Quase todos perdidos de armas na mão. Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição de morrer pela pátria e viver sem razão".
Seguindo a canção, resolvi escrever este texto não em nome de um grupo específico, não o escrevo como partidário de interesses e manipulações políticas, nem religiosas. Escrevo apenas porque reconheço o direito das minorias, todas elas, sejam elas quais forem, de terem seus direitos civis garantidos na lei sim, mesmo que estes direitos não me sejam úteis, interessantes ou possam ir de encontro com o que julgo ser o modo saudável de conduzir a própria vida psicológica ou socialmente. Por outro lado, faço questão de ter o mesmo direito constitucional de manter opinião formada sobre os assuntos que julgo importantes para minha vida pessoal e daqueles que convivem comigo diariamente.
Desculpe o trocadilho, mas por favor não me chamem de “vaselina”. Tenho amigos gays, heteros, pobres, viciados, marginalizados, vitimados, liberais e também os que hoje são chamados de homofóbicos, radicais, intransigentes, funfamentalistas, etc. Transito com a maior facilidade entre todos eles porque creio que Jesus faria o mesmo, correndo até o risco de ser confundido com um deles, mas sem deixar de orientar e muitas vezes confrontar em amor as posturas mantidas por quem quer que fosse, de um lado ou outro da linha de batalha.
O que norteia uma democracia é o direito à livre expressão das idéias, o direito de ir e vir até onde o direito do meu próximo não seja ferido por mim. Não sei se o que direi aqui poderá ser considerado uma postura homofóbica ou permissiva demais. Na verdade pouco importa. Dependendo de quem ler, poderá encontrar as duas tendências, mas é somente minha opinião e ela não deve ser entendida fora do contexto da totalidade da minha vida e também do que já escrevi até aqui.
Particularmente, apesar de não concordar com a prática homossexual e também não achar saudável para a formação total de uma criança ou adolescente serem orientados nesta direção, reconheço que pessoas do mesmo sexo possam e devem ter assegurado o direito civil de constituírem bens em comum dentro de uma união estável tenha ela o status/nome de casamento ou não.
O que minha consciência não permite é ser proibido de dizer que homossexuais precisam sim se arrepender de seus pecados, bem como e também os “crentes” e “santos” que não conseguem amar, perdoar, fazer o bem ou viver na Verdade e pela Verdade.
Longe de tentar fazer uma leitura fundamentalista ou puramente conservadora dos textos bíblicos, não acredito que Deus abençoe casamentos homoafetivos da mesma forma que não consigo crer na possibilidade do Deus da Bíblia abençoar um casal hetero que não se ame, não se respeite e não viva em fidelidade mútua, muito embora eu saiba que o critério da bênção de Deus é a Graça que não obedece regras e/ou leis humanas. Recebemos Graça não por merecimento, mas por puro amor de Deus revelado em Cristo Jesus.
Não consigo conceber a idéia de Deus rejeitar ou deixar de amar alguém simplesmente por sua tendência e orientação sexual, cor, religião, conceitos filosóficos, preconceitos, medos e pecados, sejam eles de que ordem for.
Tenho dito que há tanta salvação oferecida para Fernandinho Beira-mar como para Madre Teresa de Calcutá, São Francisco de Assis, Lady Gaga, as milhares de crianças abandonadas nas ruas das nossas cidades, prostitutas, pastores, bispos, rabinos, sacerdotes, pagãos e todo tipo de gente. Isto também quer dizer que a salvação é uma possibilidade real para você e eu neste exato momento em que você lê este texto. Isto tem a ver apenas com fé. Não há projeto lei ou iniciativa pública que mude isto.
O que escrevo aqui não é uma bandeira, nem colorida, nem preto e branco, apenas o que o Senhor Jesus nos mandou pregar até os confins da terra. O que tenho a dar é tão somente e simplesmente uma boa notícia:
“Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que crêem. Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.” (Romanos 3.21-24)
O Deus que ama e salva te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!
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2 comentários:
Pablo, você nao é um "vaselina", mas um homem de coragem. Conseguiu ser sensato sem negociar sua fé. E ainda irá ganhar desafetos de ambos lados, por nao ter assumido nem uma postura, nem outra.
Ha questoes decorrentes da uniao gay: adoçao de filhos é a mais temida delas. No entanto, isso nao diminui o direito de construir um patrimonio e uma vida comum, mesmo que esta uniao nao seja reconhecida diante de Deus e da religiao crista.
Alguns nao entenderao isso. Nao conseguem distinguir entre a igreja e o estado e no fundo o que desejam é voltar à idade das trevas. Uma teonomia de fachada, e um estado que apenas serve aos interesses dos evangélicos. Sinceramente? Algo assim seria um tiro no pé, uma punhalada na democracia... seria regredir em grande escala!
Nao quero viver num país gay. Mas nao quero viver num país onde os "crentes" oprimem a todos os que sao diferentes deles e onde pastores destilam ódio na TV.
Penso que Jesus, caso estivesse fisicamente entre nós, estaria (tal como você) entre homossexuais, apontando o caminho do reino. Homossexualismo é pecado, eu sei. Pecado moral, tanto como adultério. No entanto, nao foi para a mulher adultera que o Filho de Deus reservou sua maior repreensao, mas aos mestres religiosos e guardioes da "boa moral", que de tao "piedosos", nao eram capazes de enxergar a sua pobre condiçao de sepulcros caiados.
Tenho vontade de escrever toda a noite. Sinto meu coraçao encher desse amor de Deus. Tenho vontade de pedir perdao aos homossexuais pelos excessos cometidos pelos nossos "irmaos". No entanto, creio que você disse - com uma simplicidade mágica - tudo que deveria ser dito.
Por um país realmente laico! E pelo meu direito de amar os homossexuais e apresentar o evangelho a eles em amor;
Leonardo.
'Deus "ama" (presente) o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito' ou 'Deus "amou" (passado) o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito'?
Cada vez que me "fundamento" mais na Bíblia percebo que Deus odeia a injustiça e a iniquidade e quem as pratica. Não tenho o direito de Deus para ter o mesmo sentimento dEle, pois não sou santo como Ele, mas se busco amar meu próximo, preciso pregar de maneira mais direta que o caminho do pecado é ruína, é desastre e condenação eterna. À todos os religiosos hipócritas e aos demais pecadores devemos lembrar: Arrependam-se e creiam no evangelho!
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