terça-feira, 2 de março de 2010

Palavras chave para a igreja de nossos dias - Parte III

Créditos da imagem: www.iebfaro.org

Comunhão

Comunhão é um termo grego. Vem de uma extensa gama de palavras com o sentido de confluência, amizade e convivência. Comunidade, comum, comunhão. Koinonia, o termo grego, ocorre em sua forma padrão 19 vezes no Novo Testamento grego. Atos 2:42, Romanos 15:26, I Coríntios 1:9, 10:16 (duas vezes), II Coríntios 6:14, 8:4, 9:13, 13:13, Gálatas 2:9, Filipenses 1:5, 2:1, 3:10, Filemon 1:6, Hebreus 13:16, I João 1:3 (duas vezes), 1:6 e 1:7.

Nós pensamos a comunhão como uma reunião de pessoas iguais. Esta não parece ser a verdade exarada da Bíblia. Claro, que os ânimos devem estar apaziguados na comunhão da Igreja Primitiva, mas é nela que os diáconos são instituídos. E por que o são? Porque há insatisfação. Algumas pessoas estão sendo preteridas e reclamam. Não reclamam porque são rebeldes ou gananciosas, há uma justa reinvindicação. Tal comportamento, para muitos de nós, seria insubordinação, quando não rebeldia. Esta segunda geração de líderes da Igreja, enfrenta um contexto em que a comunhão tinha sido abalado pela omissão ou negligência do próprio grupo. Será que não acontece o mesmo hoje em dia?

A comunhão é um estado a ser alcançado, uma meta a ser perseguida diariamente. No processo pode haver constrangimentos e dissabores, como a chuva é uma condição metereológica que traz vigor ao pasto, ao mesmo tempo em que inunda casas e mata pessoas. Embora adversa em suas consequências, não podemos exclui-la do nosso cotidiano, mas aprender a conviver com ela. Assim é que a comunhão não é reunião de iguais, mas a busca por igualdade entre diferentes. Tendo como referência o chamado de Cristo, devemos tolerar os fracos, se necessário carregando-os, para que o grupo seja beneficiado. Se alguém quer ser igual apenas para anular sua vontade própria, não está agradando a Deus. A tônica da palavra koinonia é abrir mão da vontade própria em nome da convivência possível com os demais. As outras opções são o despotismo ou o isolamento.

Logo, é uma palavra impessoal e imparcial. Se vamos ter comunhão, devemos fazer isso com qualquer pessoa, sob quaisquer condições e em qualquer situação. Vejamos o que afirma Paulo em Romanos 12:18: Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens. Quando eram feitas grandes cruzadas pelo Brasil afora, idos de 1980 a 1990, ouvi o Pr. Hidekazu Takayama, que já não prega mais, agora é deputado federal, afirmar: É preciso ter paz horizontal e paz vertical, paz com os homens e paz com Deus. É uma afirmativa que resume muito bem a essência do texto. Com frequência, a comunhão que queremos é a que se restringe às pessoas com quem temos empatia.

Outra dificuldade é ter uma comunhão distanciada. A tese é que enquanto não interajo com um irmão, não me choco com ele. Então, prefiro manter-me a uma distância segura. Isso é egoísmo bem disfarçado. A comunhão preconizada na Bíblia é a que se machuca, reconhece as feridas, mas tem um alvo. E, por isso, vai em frente. São as mesmas feridas que fazemos a Deus, quando o entristecemos com nossos pecados, mas Ele não desiste, esperando o dia em que haverá de nos encontrar em sua Glória. Tenhamos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus nos purifique de todo pecado!

Publicado em Reflexões Sobre Quase Tudo! Proibida a reprodução sem autorização do autor: Daladier Lima dos Santos.

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