quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Curso de Lingüística e Missiologia – Uma Contribuição do Povo de Deus

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Ao contrário do que possa parecer, as ciências não começaram a se desenvolver em ambiente secular, mas em espaços religiosos. Os estudos sociais, atualmente tão hostis à iniciativa missionária, foram resultados dos relatos dos primeiros missionários transculturais ao redor do mundo.
Em termos da Lingüística no Brasil, os missionários também tiveram sua participação, mesmo não sendo seus iniciadores. O fundador dessa disciplina entre nós foi Joaquim Mattoso Câmara Jr., que, a partir de 1948, principiou cursos sistemáticos de Lingüística na Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Apenas em 1960, têm-se notícias de curso semelhante no país, oferecido na Universidade do Paraná.
Em 1956, a Associção Internacional de Lingüística SIL Brasil, composta por missionários evangélicos, veio trabalhar no Brasil e, junto com Mattoso Câmara Jr., incrementou a disciplina Lingüística no país. Em dezembro de 1962, a Lingüística passou a ser obrigatória nos programas de Letras.
Daí um ínclito professor, sem dúvida o maior conhecedor brasileiro de línguas ameríndias, expressou que a Lingüística no Brasil podia ser dividida em dois momentos: antes e depois da chegada da SIL. De fato, alguns membros da SIL estiveram entre os primeiros professores de Lingüística em algumas universidades nacionais, como John Taylor, Loraine Bridgeman, Ivan Lowe e Carl Harrison.
Apesar da forte ligação com instituições acadêmicas, já em 1958, através de Ursula Wieseman, a SIL ofereceu um primeiro curso de Lingüística para missionários, no Instituto Peniel, da Missão Novas Tribos do Brasil. Entre os alunos estavam o Pr. Rinaldo de Mattos, um dos principais fundadores da ALEM, e Pr. Gunter Carlos Kruger, da Junta Missionária da Convenção Batista Brasileira e tradutor do Novo Testamento Xerente.
Em 1973, a SIL passou a ministrar regularmente o Curso de Metodologia Lingüística (CML), até o ano de 1982 – quando anunciou que cessaria suas atividades docentes por motivos diversos, incluindo falta de convênio com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
Foi aí que a ALEM, em 1982, foi organizada, tendo como um de seus objetivos centrais a continuação do curso, então, oferecido pela SIL. A fim de caracterizá-lo como evangélico, mudou-se seu título de CML para CLM: Curso de Lingüística e Missiologia. Dessa forma, desde 1983, portanto há um quarto de século, a ALEM, ainda com a participação ativa da SIL, vem ofertando o CLM a missionários, lingüistas, indigenistas, pedagogos, estudandes em geral, pessoas de origem nacional e internacional, de diferentes credos, raça, cor e religião. Discentes de graduação, mestrado e doutorado, por razões diversificadas, fizeram igualmente o CLM. Além disso, alguns indígenas também estudaram ou estão estudando no CLM.
Assim, a contribuição que Deus tem permitido o CLM dar aos que desenvolvem atividades transculturais ao redor do mundo, ou mesmo entre sua própria etnia, é incomensurável. “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão”. (1 Co 15.58)

Isaac Costa de Souza
(Professor do CML/CLM desde 1981)
De: “ALEM em notícias, Junho 2008”

Fonte: Missão ALEM - http://www.missaoalem.org.br

Um comentário:

Rosa Guimarães disse...

Quando vi as notícias sobre pedofilia praticada por missionário da Missão Novas Tribos, lembrei que já havia lido uma associação desta com o famigerado SIL, cujas práticas horripilantes estão muito bem descritas nas 1000 páginas de "Seja Feita a Vossa Vontade - Amazônia, Rockfeller e o Evangelismo na Idade do Petróleo, de Gerard Colby e Charlotte Dennett. Não pensem que esta fachada de bons moços cristãos engana. Muitos brasileiros sabem bastante bem "o que vocês fizeram nos verões passados". E continuam fazendo.