domingo, 17 de abril de 2011
4 motivações missionárias
André Filipe, Aefe!
também em: www.imagemesemelhanca.com
A partir de uma sondagem interna, algumas leituras e, claro, pelas próprias Escrituras, separei 4 motivações necessárias e recorrentes no missionário. Em ordem crescente de importância, ficou assim:
1) Espírito de aventura
Tinha certo receio em falar que fui levado às missões devido a leituras da National Geographic. Criei coragem com William Carey: paradigma das missões modernas, seu interesse pelos povos começou pelo acesso aos relatos das viagens do grande explorador inglês James Cook. Mas não só ele: grandes empreendimentos missionários surgiram na Europa do século XVI justamente influenciados pelos relatos das culturas do Novo Mundo descoberto por portugueses e espanhóis.
E é verdade. Se o missionário não tiver certo gosto pela aventura: o desprendimento, a curiosidade e o fascínio por culturas e línguas diferentes, o gosto pela mobilidade; terá sérias dificuldades de adaptação. Concomitante ao Espírito Santo, não foi o espírito de aventura que levou Paulo a empreender viagens por diferentes regiões do mundo?
Tá certo que o missionário não é um herói, figura romanticamente marcada neste ministério. Do tipo que, apesar das lutas, logo virá a vitória e o reconhecimento do mundo. Mas é um aventureiro do mundo real, cuja picada de cobra machuca, em quem a malária traz sofrimento, aprender outra língua é difícil, acompanhado de muita monotonia e solidão. Mas foi por desbravadores que descobrimos o mundo e é com eles que Deus espalha sua igreja.
2) Paixão pelos perdidos
A realidade do inferno é um fator propulsor da missão. Entender que as pessoas só serão livres do inferno se ouvirem a Palavra de Deus e entregarem suas vidas a Jesus Cristo, e amá-las profundamente, este entendimento têm movimentado milhares de famílias ao redor do mundo, que enfrentam doenças, mares, florestas e perigos diversos. O mais famoso é o movimento conhecido como os Irmãos Morávios, na Saxônia, cujo principal líder, conde Zinzendorf, foi muito influenciado pelo pietismo da Universidade de Halle, Alemanha.
A paixão pelos perdidos não significa que a salvação deles depende de nosso esforço pessoal, e até o conceito de “perdidos”, consagrado no imaginário missionário, pode não ser entendido corretamente. Mas a “paixão pelos perdidos”, ou melhor, este sentimento de misericórdia por aqueles que ainda não entregaram suas vidas ou ainda não ouviram o evangelho de Jesus Cristo, considero um amor descomunal, extraordinário, mas que tem como modelo o próprio Jesus Cristo, e capacitador, seu Espírito Santo. É um sentimento que excede ao do cuidado pastoral pelas ovelhas, de pregação para fortalecimento e edificação. É uma vocação para ir às ruas buscar os escolhidos de Cristo, e sofrer e chorar por aqueles que não ouvem a pregação. O profeta Jonas, finalmente ao obedecer a Deus, erra por obedecer sem misericórdia e compaixão.
3) Obediência à Palavra e ao Espírito.
O sentimento de dever ao mandato de Deus para levar o evangelho a todos os povos foi o fundamento da Reforma missionária protagonizada pelo já citado William Carey, que sozinho traduziu a Bíblia para diversas línguas, foi perseguido pelo governo da Índia, pôde influenciar a cultura retirando práticas de assassinato, plantou igrejas, Universidade e Hospitais.
A Palavra é clara quanto a nossa responsabilidade de resplandecer a Luz de Cristo e sermos testemunhas do seu evangelho. Mas quando falo de obediência à Palavra E ao Espírito, refiro-me a uma vocação especial, individual.
Nem todos são dirigidos por Deus para saírem de seu país, de sua cultura. Mas aqueles são vocacionados pelo Espírito, desobedecem mesmo não atendendo a algo claro nas Escrituras. Jonas obedecia a Deus em Israel; desempenhava seu ofício profético, e poderia desempenhá-lo também em Társis. Mas Deus o dirigiu para outro lugar, e ele não foi.
O livro de Atos mostra que quem dá as coordenadas geográficas para o desenvolvimento da Igreja é o Espírito. Assim, posso até estar obedecendo ao Mandamento geral das Escrituras, de ser testemunha em minha cidade. Mas se o Espírito me chama para sair, ir para outro lugar, estarei sendo igualmente desobediente se não seguir adiante.
4) Ardente desejo de contemplar a Glória de Deus por toda parte.
Tenho um apreço enorme pelo ministério de tradução da Bíblia. Traduzir um livro da Bíblia para uma língua e uma cultura que não a possui deve ser uma experiência sobrenatural. No entanto, penso que não deve haver alegria e satisfação maior para um missionário do que traduzir cânticos. Quando um missionário traduz o livro da Bíblia, traduz na expectativa da conversão. Quando traduz um cântico, traduz na certeza de que crentes se converteram ao Evangelho e por isso estão aptos para adorar o Cordeiro Jesus.
Ouvir cânticos de adoração numa comunidade em que não havia cânticos de adoração deve ser uma experiência fora de série para um missionário. Ouvir testemunhos de atos soberanos de Deus, ouvir orações de gratidão numa igreja recém-nascida, não deve haver alegria maior para um missionário.
Você pode não ter um espírito de aventura, você pode não ser um cara super obediente ao Senhor Jesus, ou mesmo não ter aquele amor extraordinário, mas se o seu coração pulsa forte e seu olhos almejam ver a glória do Nome de Jesus Cristo por toda parte, então você é um missionário.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário