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Eram noivos num casamento modesto
Abraços, felicitações, belo gesto
De repente, falta vinho
Serviçais apressados, encurtam caminho
O sussurro cresce à boca pequena
Toma a sala, turva a cena
O que fazer, se tão básico ingrediente falta?
A esta hora a noite ia alta
O pensamento rodopia num redemoinho
Onde achar vinho?
O mestre ouve o rumor e faz saber
Que algo extraordinário pode acontecer
Segreda à sua mãe algo que repercute.
Fazei o que Ele disser, diz, embora em si relute.
Talhas de purificação cheias de água trazem a Jesus sereno
Que faz o primeiro milagre de seu ministério terreno
Restaurando a alegria no seguinte instante
Esse, porém, não foi seu milagre mais importante
Estando da Galiléia, chega o recado do amigo
Visita-me Senhor, do contrário não mais estarei contigo
Padeço de grave enfermidade, que corrói a vida amiúde
Perco cada dia mais peso, debilita-se minha saúde
Deixa-se estar ali, mesmo sabendo da pressa
O destino atinge Lázaro, nada há que impeça
Só então se dirige à casa sempre desdita
Encontra um cenário de tristeza inaudita
Nos quatro dias fatídicos que antecederam a ida,
O amigo querido havido perdido a vida
Chora tristemente, não porque havia falhado,
Intencionalmente fizera, um caminho mais apartado
Pede que o levem até o sepulcro
Em frente ao qual grita em divino fulcro:
Lázaro, sai para fora!
O antes morto aparece na hora
O defunto agora vivo, coloca-se da multidão diante
Mas este ainda não foi seu milagre mais importante
Em Naim falecera o filho único de uma viúva
O arrimo, a vantagem, perdera-se em água turva
Jazia num triste féretro, empunhado por vizinhos,
O Mestre encontrou o cortejo, à saída de um caminho
Ia à frente a mulher, cujo sonho evaporara,
A chorar copiosamente o que o futuro reservara
Jesus se condoeu, mandou parar o andor
Ao morto ordenou e ele se levantou
Foram embora a tristeza, a dor e a saudade
A vida retornara o vigor da sua tenra idade
Assim, algo impossível aconteceu, não obstante
Este também não foi o milagre mais importante
Outro caso notório ocorreu quando indo à Jericó
Uma grande multidão o seguia, andando numa nota só
Por uma perspicácia que somente os cegos sabem explicar
Um deles pressentiu que acontecia algo espetacular
E perguntando e inquirindo, descobriu que era Jesus
O homem que os olhos abria, fazendo ver a luz
Ele que não via, pôs-se a clamar em alta voz:
Jesus, tenha compaixão de mim, tira-me desta cegueira atroz
O Mestre perguntando o que queria, ouviu: Que eu veja!
Disse-lhe: Seja feito o que tu'alma almeja
Os olhos do cego antes opacos, agora viam uma cena brilhante
Entretanto, este não foi o milagre mais importante.
Um sol flamejante ornava a paisagem,
Onde o Mestre discorria sua maravilhosa mensagem
Além da brisa medrosa, que teimava em soprar no monte
A padecer de fome, havia uma multidão ofegante
Cinco mil homens, fora mulheres e meninos
Acotovelavam-se ali, para ouvir o grande ensino
Nenhum deles tinha nada, mas um rapaz precavido,
Entre todos se destacava, pelo que em seu cesto estava contido
Cinco pães e dois peixes que o Senhor multiplicou por mil,
Recompensando a multidão pelas horas a fio
O Mestre continuou no seu estilo falante
Mas este ainda não foi o milagre mais importante
Doutra vez viagem calma, sobre as ondas a vagar
Seguia o barco, Jesus e os discípulos pelo mar
Sem perceber, de repente
Fez-se uma tormenta inclemente
Os discípulos assustados, apesar de preparados
Puseram-se a envidar esforços pra não morrerem afogados
Num recurso último clamaram por Jesus,
Que dormia o sono que ao cansaço faz jus
Acordando, repreendeu o mar tranquilamente
E a calma voltou àquela situação deprimente
Que homem é este? Perguntavam-se com o coração arfante
Porém, ainda não foi o milagre mais importante.
Fiquei ao pé da cruz, repassando sua história
Como caminhara aqui demonstrando sua glória
Coxos, cegos, aleijados, a todos ele curou
Rememorando os milagres, qual deles mais importou?
Se havia de dar-lhes um peso, não obstante
Qual fora seu milagre mais importante?
Foi então que ouvi um pedido
Um pecador clamava-lhe ao pé do ouvido
Lembra-te de mim, quando estiveres no teu reino
Era desconcertante, a mente não tinha treino
Ouvir quem não merecia tamanha compaixão
Pedir tão grande dádiva, amor, lembrança e perdão
Quando olhou para ele me fez estremecer
Vai condená-lo, fez por onde merecer
Sua resposta, porém, foge ao juízo
Hoje andarás comigo, no meu Paraíso
Concluí eu esse sim e daqui por diante
Seria seu milagre mais importante
O coxo podia andar, mas isto não lhe traria salvação
O cego de olhos abertos poderia viver na densa escuridão
A cura é importante, mas só resolve o problema daqui
Melhor andar coxo, mas ter a certeza de estar com Ele ali
Não há como negar em nossa escala de valores
Que anjo só faz festa diante de arrependidos pecadores
A salvação é mais que isso
Tenhamos na mente fixo
É a certeza que ao final da lida
Passando para a eterna vida
Cristo com sua face terna, dizer-nos vai:
Vinde, benditos de meu Pai!