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terça-feira, 24 de junho de 2014

O cristão pode ser patriota?


por George Gonsalves

Certa vez, tomado de grande amor por sua terra natal, o escocês John Knox (1514-1572) clamou a Deus: "Dá-me a Escócia, senão eu morro". O próprio apóstolo Paulo falou assim de seu povo: "porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne" (Rm. 9:3). Sendo assim, até que ponto o cristão pode ser devotado à sua pátria, ao seu povo?
  
A resposta talvez pudesse ser resumida assim: pode, até o ponto do homem não pecar contra Deus e seu próximo. Podemos e devemos amar nosso chão e nosso povo, mas devemos nos lembrar que Cristo morreu por pessoas de "todas as línguas, povos e nações". Nosso país não é o mais importante do mundo e também não é o preferido de Deus. O amor à pátria pode, também, ser idolátrico.

Na história da igreja uma das grandes manchas é o divisionismo, e um dos seus maiores propulsores foi o nacionalismo. Em sua obra clássica, As origens das denominações cristãs, Richard Niebuhr afirma que: "as igrejas étnicas e nacionais são manifestações adicionais da vitória da consciência social divisiva sobre o ideal cristão de unidade" (p. 71). Assim, inúmeras pessoas se agruparam em igrejas que não estavam unidas apenas por uma mesma fé, mas por laços culturais territoriais. Daí o surgimento de igrejas como: Batista Alemã, Ortodoxa Grega, Ortodoxa Russa, Luterana Norueguesa, Evangélica Luterana Dinarmaquesa, dentre outras. 

O pior se dá quando cristãos justificam pecados pelo amor à pátria. Alguns são declaradamente contrários a imigrantes e, inclusive, lutam em guerras sangrentas contra irmãos de outros povos. Não foi esse patriotismo que motivou as declarações de Knox e Paulo que lemos no início deste texto. Estes crentes estavam movidos por um amor sacrificial pelo seu povo. Isto não os levava a ignorar ou perseguir pessoas de outras nacionalidades. John Knox, por exemplo, serviu a irmãos na Suiça e Paulo foi simplesmente o "apóstolo dos gentios", pregando a inúmeros povos, dos romanos aos gregos.     
 
Por isso, concluo dizendo: cristãos brasileiros, amemos nossa pátria e oremos pelo nosso povo, não porque "nossos lindos campos têm mais flores" ou "nossos bosques tem mais vida", mas porque Deus ama esta gente, a nossa gente.