Escuto-Te a passar no
silêncio
Ao longo dos canais da Ria
Não tens corpo, mas tens
uma ave
Que dulcifica os meus
olhos e o vento
Que se equilibra na minha
barba, levanta-se
Um robalo num salto
Para alcançar o outro azul
que a água espelha
Escuto-Te nada tenho a
perder
A passar na frágil asa da
libélula
Como é fácil ser-se
silêncio
Passas no colo da mulher
que apanha moliço
Para a beleza
do que há-de nascer da
terra
Escutei-Te, passavas na
minha adolescência
E dos meus amigos que entravam
com risos
De cristal nas águas
impenetráveis dos canais.
Ria de Aveiro, 7-03-2014
© João Tomaz Parreira
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