André Filipe, Aefe!
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1. Memória do futuro.
“Ora, antes da Festa de Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai (...)”
Ali no cenáculo com seus discípulos, Jesus sabia que aquela não era mais a páscoa dos judeus, mas a páscoa de todo aquele que crê em seu nome. Logo mais não apenas os judeus estariam comemorando a sua libertação do Egito, mas a Igreja estaria comemorando a libertação do pecado. Isso ocorrerá porque Deus enviou seu Filho ao mundo para que Ele, ao retornar aos seus braços, trouxesse consigo algemas arrebentadas pelo seu sangue. Jesus sabia disso, sabia que viera do Pai e que voltaria, cumprindo assim sua missão. Mas antes de retornar ao mundo dos céus, sabia que seria trucidado no mundo dos homens.
Este saber de Jesus não era um mero conhecimento como aquele “Puxa, é meu aniversário na semana que vem”, mas sim uma memória do tipo “Cara, a cólica que senti na semana passada foi horrível, se eu pudesse a evitaria”; o saber de Jesus era uma memória terrível de um futuro cada vez mais próximo.
Jesus sabia tanto da existência de um traidor entre seus discípulos, como da certeza da ressurreição, e de que o mundo estava confiado em suas mãos; mas naqueles momentos que antecipavam a cruz, penso que Cristo tinha vivo em sua memória que Ele era o Cordeiro imolado da Páscoa.
Ora, como Jesus sabia de sua morte, enganam-se os romanos se pensaram terem sido seus assassinos, ou os judeus, que o fizeram calar: Jesus não foi a vítima de uma injustiça, mas um voluntário da justiça. Jesus não foi, ainda, um mártir que não teve escolha, porque ninguém pode tirar a vida de Cristo (Jo.10.18), mas um Deus que amou até o fim.
2. Amando até o fim.
“tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”
Que Jesus amou os seus discípulos isso o demonstra todos os Evangelhos, e o seu amor já seria enorme se tivesse parado ali. Se Jesus tivesse dito “Beleza, eu vos amei pra caramba, agora vou tocar a vida”, já seria um amor imenso.
Em 1ª Sm.18.3, logo após a morte de Golias, Davi e Jônatas, filho de Saul, tornam-se profundamente amigos, e fazem então uma aliança de amor. Mas logo em seguida, a amizade dos dois é perturbada pelo ciúme violento de Saul. Em 1ª Sm 20, Davi está foragido pois o rei quer sua caveira; Jônatas vai ao seu encontro e quer ajudar o amigo, mas sabe que, se o pai descobrisse, com certeza o mataria. Além do mais, outras coisas estavam em jogo, como a perda do seu próprio reino (1ª Sm.20.30-34). A amizade e a aliança de amor estava sendo posta a prova. No versículo 17, vemos que Jônatas amou até o fim. Se antes amar Davi era muito divertido, agora trazia consequências como o risco da própria vida, mas Jônatas amou até o fim, eles renovaram a aliança.
A consequência natural de um Deus amar esta humanidade em pecado é a cruz. Você pode amar uma pessoa doente por toda a vida. Estar ao lado dela, apoiá-la, cuidar dela: e não será um amor pequeno, mas você levará este amor às últimas consequências se você doar os seus órgãos para que ela se mantenha viva em seu lugar. Jesus levou seu amor até as últimas consequências.
Isso é muito bom. Isso deve nos dar uma segurança enorme! Jesus ama até ao fim, Jesus leva o seu amor ao extremo; quando ele diz na cruz “Está consumado”, não era o seu amor chegando ao fim, mas ganhando tal dimensão que não importa quem sejamos, em que estado está nossa vida, mas se confessamos Jesus como nosso salvador, Ele nos ama, pois o seu amor está ancorado não em nós ou em nossa obediências, mas em sua própria fidelidade, e sendo Deus fiel, Ele ama até ao fim, e amando até ao fim, estou seguro em seu amor. E isso e muito bom!
3. Um mandamento difícil.
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” Jo.13.34-35.
Aí complica tudo, porque Jesus não espera amor menor de nós que o seu próprio e imenso amor até o fim. Jesus é, assim, não uma mobília para ser admirada, mas um exemplo a ser seguido para amarmos ao próximo até as últimas consequências, não baseado nos valores do próximo, mas ancorado em Jesus Cristo. Que irresponsabilidade! Como Jesus pode nos exigir um amor até o fim por um chefe orgulhoso e que me humilha na frente dos demais? Como amar até ao fim aquela professora que me persegue sem razão? A que consequências sou levado por um amor a um morador de rua, a uma comunidade pobre? Isso é duro, é complicado, é terrível pois este é o RG daqueles que são amados por Cristo. Quem crê em Cristo ama até ao fim, e quem ama até ao fim, perdoa infinitamente, espera pacientemente, ajuda desmedidamente, se entrega graciosamente.
Pedro entendeu este amor muito bem. Observe o que ele diz a Jesus, no versículo 37: “Por Ti darei a própria vida”. Veja como Pedro foi grande, aqui. Jesus ainda não havia sido morto, aliás, Pedro mal entendia aquela história de Jesus ir para onde não podia ser seguido. Mas ele entendeu muito bem que amar até ao fim significava entregar a própria vida, se preciso fosse. Porém, é muito confortante que Jesus, logo em seguida, destrói suas ilusões, no versículo 38, dizendo que, ainda naquele dia Pedro o negaria três vezes! Fico feliz que logo após um mandameno enorme, como o do versículo 34, tenha sido o grande Pedro o primeiro a descumprí-lo, mas Jesus o amou até ao fim assim mesmo, porque seu amor não está condicionado a nossa obediência.
4. Exemplo e poder.
O que Pedro nos ensina também é que não basta saber o que significa amar até ao fim assim como não era o suficiente Jesus ser simplesmente um exemplo para nós. Sendo assim, estaríamos condenados a chorar amargamente como Pedro após negar Jesus (Mt.27.35) para sempre!
É por isso que é loucura estas propagandas de banco, ou essas mensagens de ONGs que falam de amor ao próximo. É loucura mesmo a nossa pregação contra o mundo pagão, colocando Jesus como exemplo, pois a Cruz não é só nosso exemplo, mas também e principalmente o que nos torna capazes de amar. Só aqueles restaurados pela cruz de Cristo e pelo Espírito Santo são capazes de amar verdadeiramente até o fim. Não devemos esperar amor de um mundo sem Cristo, mas o mundo sem Cristo não deve esperar amor menor que o de Cristo daqueles que confessam o seu nome.
Deus deu a Pedro a honra de cumprir sua promessa e entregar sua vida em nome de Cristo. Diz a tradição que Pedro ia ser crucificado como Cristo por pregar o Evangelho, mas ele não se achou digno e pediu que fosse crucificado de cabeça para baixo. E os expectadores puderam ver a Glória de Cristo na entrega de Pedro. Através do Espírito Santo regenerador de Deus, temos o poder de amar até ao fim, e este é o nosso ministério de vida.
Ao caminhar pelas ruas, ao planejar sua vida, ao fazer escolhas, você tem levado em conta o amor ao próximo, fazendo assim resplandecer o amor de Cristo?
2 comentários:
Feliz Natal e um abençoada Ano de 2012 para você e todos os seus leitores
Maravilhoso post, vamos honrar a Cristo, seguindo seu exemplo, amando até o fim, que nossas escolhas possam refletir esse amor. Glória a deus por essa palavra tão abençoada.
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