terça-feira, 10 de novembro de 2009
Quem sou eu?
Dizem que sou ovelha, mas não tenho aprisco. Aprecio passear entre os vários que existem. Em cada lugar me sinto á vontade. Especialmente onde não me conhecem, assim meus procedimentos passam incólumes. Ser comunitário, discipular e ser discipulado são coisas que não atraem minha atenção. Só trato com outras pessoas sobre assuntos não eclesiásticos, é que me entedia falar sobre igreja, Bíblia, santidade e oração.
Tenho predileção por igrejas grandes. Aquelas nas quais o pastor não tem condições de enxergar todos os membros. Creiam, grandes catedrais possuem zonas cinzentas, que se encaixam perfeitamente nas minhas aptidões. Mas pode ser uma igreja de um pastor ausente, daqueles que só aparecem aos domingos e não apertam a mão de ninguém, nem sabem o nome de seus membros. Meu microambiente perfeito é aquele no qual o pastor está sempre preocupado com alguma projeção social, viagens, reconhecimento nacional, aí se desgruda completamente de mim.
Adoro igrejas não quais não é cobrado compromisso com orgãos, projetos e programas. Nem lembro quando participei de algum deles. Eventualmente dou ofertas, mas não dizimo com regularidade, até porque estou sempre em trânsito. É bom que ninguém conte com minha contribuição, ajuda minha fluidez. Aliás, tanto faz ser uma igreja, uma rádio, um programa televisivo, não faço muita distinção entre eles. Agora que a TV abriu um espaço enorme para nós, não vejo o dia em que irei de auditório em auditório, sempre ouvindo pregações politicamente corretas e sem cobranças. Não me julguem mal, é que há tantas tendências diferentes no meio evangélico, que prefiro seguir minha própria cabeça. O que os pastores dizem na TV, rivaliza quase sempre com o que dizem nas igrejas, aí, fazer o quê? Estou pensando, seriamente, em ficar em casa, zapeando e comendo uma pipoca. Não é o máximo!?
A liturgia não me preocupa. Sou eclético. Aliás, gosto bastante de shows, onde extravaso minhas reminiscências do mundo. Vou a todas as Marchas pra Jesus. Pouca Bíblia e muita música. É a mistura perfeita. Não estou preocupado com minha apatia, até porque tenho ouvido que o que importa são os números. Por isso devemos ser milhões. Tenho amigos em todos os bairros da cidade, e sempre compartilhamos os mesmos objetivos. Adoramos igrejas aonde a música toma a maior parte do tempo. Podemos mascar nosso chiclete em paz. Enquanto o tempo passa, atualizamos nossas conversas e falamos da vida alheia. Culto não é para isso?
Por falar em mundo, não voltei pra lá ainda porque estou tão acostumado... Não faz sentido, né?
Para mim a igreja é apenas um fã clube social, um lugar para buscar relacionamentos amorosos, marcar encontros, qualquer coisa serve. Tenho medo de chorar. Minhas amigas fazem por onde não borrar a maquiagem. Procuro sentar longe de algumas pessoas que se põem a gritar para Deus, como se ele não ouvisse. Engraçado: nunca reparei que não penso o mesmo sobre os jogos de futebol, embora saiba que meus times são efêmeros. Que coisa!? Para não perder a deixa, barulho só elétrico, acústico, vindo dos instrumentos. Se tiver balanço, efusão, melhor ainda. Adoro quando o pastor manda a gente sair do chão! É pura euforia.
Acho que os cultos andam meio monótonos, tanto que confesso ter procurado umas comunidades alternativas. Daquelas que só querem saber seu apelido. É um culto mais descolado, aparece nas revistas, etc. Fui a uma que promove luta livre! Ao redor do tatame despertávamos nossos instintos mais primitivos, enquanto urrávamos para os competidores. Pode ter coisa mais evangélica do que se despir do eu?
Tenho um blog aonde descrevo minhas experiências e experimentos. Adoro falar sobre o que vejo de errado na igreja, embora não me envolva em mudança alguma. Jogar pedras nas vidraças é um excelente exercício para mim. Estou me dedicando a compilar uma série de costumes que a igreja tinha como doutrina, para espicaçar cada um daqueles pastores atrasados que viviam recomendando comedimento. Ainda bem que eles estão em extinção. Vou atirar pedras até vê-los soterrados.
Quem sou eu? Defina você. Uma árvore sem raiz? Uma ovelha sem rumo? Calma, somos muitos.
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