segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Apologia do uso de blogs por líderes evangélicos


FILHO, VAI HOJE TRABALHAR NA VINHA.


Jesus contando a parábola dos dois filhos

João Cruzué

A falta de conhecimento de como usar novas tecnologias, para divulgar a mensagem do Evangelho e outras informações de interesse da Igreja, pode levar a uma consciência distorcida da realidade. Paulo escreveu: E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, e a agradável, e a perfeita vontade de Deus.

Entendo que a vontade de Deus é global e pessoal ao mesmo tempo. Sua vontade global é que nenhum se perca, senão que todos cheguem ao pleno conhecimento da verdade e se salvem por meio de Cristo. Para isso ele conta comigo e com você. Precisamos chegar ao conhecimento de sua vontade, contextualizada para nossa época, a fim de produzir os frutos esperados. O Espírito Santo quer usar você para que o nome de Cristo venha a ser glorificado em todas as línguas, por todas as tribos, povos e nações. Falar do amor de Deus é a missão da Igreja e as demais atividades, apesar de importantes, estão em plano inferior. Sem uma consciência disso o ato de blogar é apenas uma vaidade que vai perder sua força com o tempo.

O desperdício de tempo dentro da Igreja tem sido notável. Há uma grande multidão de crentes organizada para executar as "outras" atividades. Depois de certo tempo Deus começa a receber orações e reclamações. Clamores por avivamentos e reavivamentos. Isso me lembra muito a a resposta de Deus a Moisés e o povo de Israel diante do Mar Vermelho.

Blogs são como janelas abertas para o mundo. Púlpitos digitais. O mundo está mais perto do que o quintal de nossa casa. Em dois minutos você pode publicar um texto e disponibilizá-lo para qualquer canto da terra. Mais rápido do que chegar até o quintal da sua casa.

Há diversas formas de trabalhar com um blog. Todas elas são importantes, mas uma consciência cristã genuína é o combustível que vai levar você sempre mais longe. Ele é basicamente um meio de propagar a palavra escrita. Você pode escrever e divulgar nele o que quiser. No entanto, recomendo que, conscientemente, você também deixe ali uma despensa com algumas mensagens com palavras de vida eterna.

Alguns iniciantes não sabem o que fazer com o blog recém-construído. Sugestões? Eu começaria escrevendo o que Deus fez por mim. Deixaria claro o que Jesus é para mim. Depois, de semana em semana iria escrevendo meus sentimentos, minha forma de ver as coisas, naturalmente sem expor a vida íntima. Para quem não sabe, o diário de Anne Frank foi escrito assim. Em um blog eu posso deixar uma reportagem de uma festa que aconteceu em minha Igreja. Colocar fotos. Divulgar trabalho de missões. Embora seja mais difícil no começo, a prioridade deve ser sempre investir no próprio talento, deixando de lado o caminho do pouco esforço - que é ficar copiando (todo dia toda hora) as coisas que os outros escreveram. Ninguem nasce escrevendo. Depois que eu li uma entrevista em que a diretora de redação da FUVEST precisava refazer um texto até 10 vezes para que ele ficasse bom...

Vivemos uma era digital. Uma época em que um erro de estratégia pode significar grandes prejuízos e até mesmo a ruína de empresas e instituições. Vou dar um exemplo. Nos anos 60, a Xerox americana decidiu vender suas patentes para construção de micro-computadores. Sua liderança concluiu que não haveria mercado para o produto. Vendeu tudo. A IBM comprou e 20 anos depois é a maior fabricante de PCs do mundo. A Xerox, por medo, ficou apenas no ramo das máquinas de cópia.

Por natureza as lideranças evangélicas são conservadoras. Às vezes além da medida. Somente mudam de estratégia quando ficam para trás, saindo a reboque de outras que mudaram e foram bem sucedidas. Esquecem a ortodoxia quando o assunto é sobrevivência. E cá estamos nós quase no final da primeira década do 3º milênio. Sem dúvida o Pentecoste foi a mola propulsora do Evangelho do século passado. As Igrejas tradicionais a princípio o condenaram, mas hoje já o institucionalizaram para crescer ou deixar de perder fiéis. As Igrejas Católica e Batista estão aí para confirmar essa premissa.

No era digital, como de costume, a Igreja segue no rastro dos meios utilizados nas atividades comerciais. O Google se tornou o maior vendedor mundial de espaço de publicidade. Ficou tão rico que passou a disponibilizar plataformas de blogs e serviço de busca gratuitos a nível global. Deus tem providenciado os meios e os recursos para que o evangelho pregado e compartilhado gratuitamente a todas as nações da terra. O mundo está bancando os custos para que a Igreja pregue o Evangelho. Por trás disso eu vejo a boa mão de Deus.

Em meio a tanta oportunidade me causa estranheza a falta de visão de tantos líderes e de tantos crentes, que do conforto macio do sofá da sala não estão preocupados quando o assunto é a salvação de almas. Perdão, preocupado estão, mas não muito. Na hierarquia de suas necessidades isso não aparece nos primeiros cinco itens da lista.

Outros estão muito ocupados. Estressados com problemas pequenos enquanto do lado de fora acontece a maior seca espiritual de todos os tempos. Há quase sete bilhões (7.000.000.000) de almas lá fora. Metade disso não faz nem ideia do que seja Cristo.

Crentes, teoricamente, possuem "azeite" na botija. Mas se o azeite não for compartilhado com outras botijas, ou ele ou estraga ou seca. Acontecendo qualquer das duas coisa, o primeiro sinal disso é a perda da alegria espiritual. Como pode mesmo o Espírito Santo ainda alegrar alguém que não tem consciência da missão da Igreja?

Eu possuía uma visão bem confortável do mundo. Até que passei por 11 anos de desemprego e algumas privações. A depressão e a frustração me atingiram fortemente. Eu passei a enxergar as coisas de uma maneira diferente. A ser mais agradecido. A valorizar as pequenas coisas. Tão log Deus me abençoou, eu decidi testemunhar de tudo. Minha consciência foi forjada no fogo da aflição. Irmão, o que adianta você gastar todo o seu tempo, toda a sua força em projetos pessoais. Ganhar o mundo inteiro e deixar de lado o propósito de Deus para sua vida? Não seria isso o comparado com a semente que caiu no meio dos espinhos? As prioridades do crente devem estar em equilíbrio com a vontade de Deus.

Um blog é uma casa de pão. Há uma grande fome lá fora. Fome por uma simples frase do amor de Deus. Você não precisa escrever um blog apenas para soterrá-lo de frases. Mas elas precisam estar lá. Você não pode desprezar esta oportunidade gratuita de publicar coisas cristãs.

Nenhum texto publicado, por mais simples que seja, ficará sem leitura. Por outro lado, um blog não deve ser encarado como uma coisa de outro mundo. É como escrever em um caderno. A caneta é seu teclado; o caderno é a tela do seu monitor. Do outro lado há sempre alguém precisando de uma palavra. Se você orar quando escrever suas coisas, as palavras irão e produzirão efeito. Elas têm a promessa de Deus registrada pelo Profeta Isaías: de que não voltarão vazias.

No começo é um pouco estranho, mas com o passar dos anos as coisas vão se tornando mais simples. Você vai lendo, aprendendo, corrigindo, ouvindo as críticas. A experiência de publicar um texto na internet deve ser valorizada e aprendida. Todo líder evangélico deveria aprender. Para usar ou para ensinar a outros.

Ter o domínio da melhor tecnologia disponível da época para o benefício da missão da Igreja é louvável. Ter acesso gratuito a tudo isso e mesmo assim achar que não vale a pena é inacreditável.


União de Blogueiros Evangélicos - http://www.ubeblog.com

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