terça-feira, 31 de março de 2020

Das (im)possibilidades processuais da Felicidade



Ser feliz depende não apenas de construir, mas de construir e ACREDITAR numa poderosa ilusão. Como construto de pó, ou de homem (e não é a mesma coisa?), sua durabilidade é variável; a força da felicidade será a força mesma com que ela é crida, contra a realidade e contra o tempo. Não se trata de uma ideia monotemática apenas ( "tenho mais dinheiro que o vizinho e sou feliz", ou "desejo poucas coisas e sou feliz"), trata-se de um grande construto, uma quase "cosmovisão". Uma pequena ilusão amparada em outras, uma ilusão-em/do-processo.


Por que "ilusão"? Porque do lado de cá a Bíblia não promete felicidade a ninguém. O Eclesiastes é quase pornográfico ao esclarecer nossa situação. Dá-se um pouco de sorte, força-se a barra, e principalmente: Iludimo-nos. Mesmo o cristão, que se esquece de que é soldado e serviçal para se pensar príncipe, e ainda "eleito".

Mas não se envergonhe: Nossa sanha por fuga e por acreditar no melhor assegura que somos feitos para a felicidade, e se ela não está aqui neste mundo, ela está em outro, como diria de alguma outra forma C. S. Lewis.
Somos seres-em-processo, ou seres processuais; a Felicidade é o que está ao fim da marcha momentaneamente absurda, na conclusão do processo, na COMPLETAÇÃO.
Felicidade segura ou real só pode advir da eternidade, do invariável, da companhia dEle, e num espaço preparado para tal.


Sammis Reachers

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