terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

LES MAINS SALES









Mãos sujas pelas lamas da vida
sujas como raízes da terra
mãos sujas, mas não obscuras
mãos do momento inicial
da argila, que copiam o trabalho do dia sexto
da criação divina.

Sujas
mas de amassar as águas com o barro
mãos que não se apertam
com os cotovelos junto ao corpo
mãos sem medo
da água fria, não têm tempo a perder
porque a noite elide cores e desafios
de toda a bondade sobre a terra

Mãos que não se escondem
porque não é a vergonha a sujidade
há outras mãos sujas, essas são
apesar do cristal opaco que as calça.

O que estas mãos sujas manifestam
fechadas em concha
sobre um rosto, a claridade !  


11-02-2014

© João Tomaz Parreira  

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